quinta-feira, 8 de outubro de 2015

08/10/2015 - A Loucura da Dependência Humana - Isaías 3.1-4

A Loucura da Dependência Humana
A rebelião orgulhosa é auto destrutiva porque desencadeia a justa retribuição do pacto do Senhor.

“Cada povo tem o governo que merece”. Provavelmente você já tenha ouvido esta frase em algum momento de sua vida. Talvez, em virtude do atual cenário político do nosso país, você esteja pensando um pouco sobre isso... Eu estou!
Mas, nosso interesse aqui está longe de ser estritamente político; e sim, teológico e espiritual. Nosso ponto de partida não será o atual governo de nosso país e, sim, os líderes espirituais, políticos e militares de Judá e Jerusalém no ano de 740 a.C.
O texto de Isaías no mostra o quanto o povo de Judá e Jerusalém estavam corrompidos. Sua corrupção estava presente nas diversas áreas da vida pública e privada da nação. Não apenas a esfera política havia sido corrompida, mas, também, a vida religiosa. As assembléias solenes da nação estavam banhadas de iniquidade e tanto os governantes quanto o povo haviam se esquecido de suas responsabilidades sociais, negligenciando os pobres, os órfãos e as viúvas. Tudo isso, eram sintomas de algo maior - o povo de Judá havia se rebelado contra o Senhor:
“Ah, nação pecadora, povo carregado de maldade, descendência de malfeitores, filhos que praticam a corrupção! Deixaram o Senhor, desprezaram o Santo de Israel, afastaram-se dele.”
Obviamente, a rebeldia de Judá não ficaria impune, Deus se vingaria daqueles que profanaram sua aliança adorando outros deuses e a si mesmos. O profeta Isaías, portanto, não apenas denuncia o pecado da nação, mas, também, anuncia o terrível juízo de Deus contra os profanadores da aliança. O próprio Deus se levantaria contra Judá, punindo-os por sua rebeldia. Os capítulos 2.1-4.1 são, portanto (segundo David Jackman), um catálogo da aflição.
Do capítulo 2.6-22, o profeta trata o assunto em termos gerais. Deus desbarataria o orgulho e a auto exaltação humana e, não haveria quem o pudesse deter. Nos versos seguintes, 3.1-4.1, o profeta trata em termos mais específicos ao mostrar que o juízo de Deus contra Judá teria início no meio do próprio povo. Deus levantaria líderes incompetentes e os poria por governantes de Judá. Desta forma, o povo padeceria não pelas mãos de uma nação inimiga, mas pelas mãos daqueles em quem eles depositavam suas esperanças: seus líderes. Nisto consistiria o abandono de Deus relatado nos capítulos 2.6 e 3.1. A instabilidade social seria a área em que todo o povo iria sentir o julgamento de Deus.

Meninos em Lugar de homens
Deus retiraria todo o suporte e fornecimento à Judá. A infraestrutura do governo experiente seria removida e a lacuna seria preenchida por meras crianças (a linguagem usada pelo profeta é figurativa; nesse caso, crianças, têm o significado de líderes incompetentes, bem como mulheres mais a frente – vs. 12), resultando em anarquia social e um completo desespero.

Neste ponto, lembramos a frase de João Calvino: “Quando Deus quer punir uma nação, Ele lhes dá lideres corruptos e iníquos.”

Rapina por Liderança
Dos versos 3.8-11, o texto trata de forma mais específica sobre o povo. O povo de Judá e Jerusalém não eram meras vítimas de um governo corrupto, na verdade, eles eram tão corruptos quanto seus governantes. Podemos dizer que o governo era um mero reflexo do povo. Suas atitudes afrontavam diretamente ao Senhor e por conta de sua queda moral e espiritual seriam destruídos posteriormente. No entanto, as atitudes do povo seriam retribuídas por Deus; as boas e as más. John Oswalt afirma: “Deus é consistente, e seus caminhos são consistentes. Viver em harmonia com esses caminhos é cumular bênçãos, em parte agora, mas especialmente no fim. Viver desafiando esses caminhos é cumular o mal, não agora, mas certamente no fim.”
Os versos 3.12-15, trata em termos da liderança. Os líderes, que eram covardes e gananciosos, que governavam o povo para a própria destruição deles (“Que loucura, para Judá, adular aqueles que os destruía, enquanto ao mesmo tempo, sacudiam de si o suave jugo de Deus.” – John Oswalt), sofreriam as consequências de seus atos, embora fossem, naquele momento, instrumentos de Deus para punir o povo, portanto não deixariam de ser responsabilizados por seus atos.

Vergonha em Lugar de Beleza
Na ultima parte do texto, a passagem nos mostra qual é o resultado decorrente da rebeldia e tentação à Deus: humilhação e vergonha. Representada aqui pela “Mulher de Sião”, Judá, está humilhada, como resultado direto da confrontação contra o único que é autossuficiente. Aquela que outrora vivia um estilo de vida ostentoso e evidenciava em sua prática a conivência com o pecado do governo, está agora desesperada por perpetuação e o mínimo de honra, tendo em vista que seus joelhos foram dobrados pelo próprio “dedo” de Deus. John Owalt, conclui o comentário dessa passagem com a seguinte afirmação: Aqui está o termo final de nosso desejo de evitar a dependência (4.1). Tornar-nos-emos dependentes das formas mais degradantes e desvantajosas. Em vez da exaltação e edificação que provêm da grata submissão a Deus e uns aos outros (60.1-62.12), nosso esforço para sermos auto-suficiêntes só nos trará humilhação, desespero e servidão.

Claro que muito se pode aplicar ao nosso contexto social e eclesiástico a partir desta passagem. Como mencionei no começo, fica difícil ler e estudar um texto como esse sem pensar na condição política e social do nosso país. Em épocas de crise, surge a pergunta: de quem é a culpa? De acordo com o texto, a resposta é obvia: a culpa é de todos. Não adianta terceirizar a responsabilidade; obviamente, que não estamos isentando o governo de suas responsabilidades e culpa. Mas, é difícil pensar que a moral do povo seja muito diferente da moral do governante. No final, o governo, é somente um reflexo do próprio povo. Lembre-se que Judá era conivente com o governo corrupto.
Textos como esse de Isaías podem nos ensinar que:
- Todos nós, como povo, não somos apenas vitimas. Pelo contrário, somos tão ou quase tão corruptos quanto aqueles que nos governam. Se não somos, é porque nos faltou oportunidade.
 - Talvez o sofrimento pelo que passamos ou venhamos passar é consequência dos nossos próprios pecados e das nossas próprias escolhas; e este poder ser sim, Deus punindo o seu povo por um pecado específico.
- Crises políticas, podem ser em alguma instância, Deus tratando com a nação para que essa aprenda que não há esperança em políticos e homens e que o único que pode redimir a sociedade é Cristo, porém não podemos esperar ver a plenitude disso sem que antes venha a consumação de todas as coisas.
- Talvez o nosso país esteja um caos porque o povo é imoral e porque cristãos se tornaram meros espectadores e são omissos em suas responsabilidades cristãs.

No passado, homens cristãos influenciaram países inteiros, transformaram economias, política e educação. A pergunta que fica é: onde foram parar esses homens? Não existem mais cristãos hoje? Todos tomaram a forma das nações pagãs? Penso mesmo é que já não há diferença entre o governo e o povo, entre a igreja e povo e o governo. Precisamos mesmo é orar por avivamento, para que nossos joelhos não sejam dobrados à força, da forma mais humilhante e estarrecedora. Deus tenha misericórdia de nós.

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